Psicopolítica
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Posted: 21 Nov 2013 06:07 AM PST
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Já passavam das 4:00 da manhã e ele não parava de se agitar, sentia-se cansado, não conseguia parar um instante caminhando de um lado para o outro, meio que se apoiando pelas paredes e não percebendo o quanto tropeçava em alguns móveis. Seus olhos piscavam freneticamente, assim como suas mãos se agitavam. Os batimentos do coração eram tão desordenados que, mesmo naquele frio da madrugada, o suor não parava de escorrer por seu rosto. Quase que num ritmo bem cadenciado coloca a mão no pescoço como querendo livrar-se de um profundo mal-estar. Parecia que sempre havia sido noite em sua vida e ele não conseguia enxergar brilho em nada, absolutamente nada! Tudo estava muito sombrio.
Não era pra menos. Uma verdade lhe vinha como uma lâmina cortando lentamente sua pele. Aquela mulher, aquela que conseguira, com toda a sua delicadeza, lhe arrancar um amor que estava trancado em seu peito, agora estava morta. Ele não sabia onde ela estava, mas sabia que estava morta, lhe disseram isso. Nunca havia experimentado uma dor assim, nem mesmo um amor assim. E agora sequer havia um corpo para olhar. Mas ele sabia, ele recebera a notícia. Sentia-se desfragmentar, desintegrar-se. Mas, era só o que desejava mesmo naquele momento. Talvez só isso lhe diminuísse a dor.
Ele tinha uma razoável noção dos traços do seu rosto. Tinha certeza que se a visse a reconheceria no primeiro instante. Não, ele nunca tivera um encontro com ela, nunca pudera enxerga-la com seus olhos. Mas, podia senti-la. Isso sim, como nada na vida, ele podia senti-la. É, o seu amor não veio através de sua beleza, ou do seu corpo. Veio através de suas palavras. Tão delicadas, tão generosas, tão doces. Foi assim que seu amor, finalmente, liberou-se.
Por vezes, e não foram poucas vezes, parava por instantes prolongados diante de uma fotografia sua e percorria seu rosto com a ponta dos dedos, num enorme esforço para sentir sua pele. Tocava em seus cabelos na esperança de senti-los por entre os dedos, acariciava seu rosto sempre desejando um pouco daquele calor que aquele lindo sorriso parecia transbordar. Ele nunca estivera ao seu lado, mas a amava, e amava cada palavra sua, cada jeito de escrever, cada vírgula utilizada, cada sorriso largo, cada pausa preenchida por um suspiro, uma esperança.
Por vezes, e não foram poucas vezes, parava por instantes prolongados diante de uma fotografia sua e percorria seu rosto com a ponta dos dedos, num enorme esforço para sentir sua pele. Tocava em seus cabelos na esperança de senti-los por entre os dedos, acariciava seu rosto sempre desejando um pouco daquele calor que aquele lindo sorriso parecia transbordar. Ele nunca estivera ao seu lado, mas a amava, e amava cada palavra sua, cada jeito de escrever, cada vírgula utilizada, cada sorriso largo, cada pausa preenchida por um suspiro, uma esperança.
Onde encontra-la? Como explicar ao mundo que ele a amava? Que a amava sem nunca tê-la tocado, sem nunca tê-la olhado nos olhos? Como explicar que lhe bastava pensar nela e seu corpo se enchia de uma esperança muito intensa. Como explicar que cada vez que pensava nela logo lhe vinha um sorriso e uma vontade enorme de que a vida, agora, realmente fizesse algum sentido. Ela era real, claro que ela era real.
Mas, e agora? Só lhe restava agora o desespero. Ele sabia que ela estava morta, só não sabia onde encontra-la para, numa primeira vez, beijar seu rosto, tocar sua pele, ainda que sem vida. Quem sabe com todo o seu amor ele não poderia fazê-la reviver? É... cada vez mais a fantasia lhe tomava o pensamento. Mas, não havia como. Ele não a encontrava. O desespero só aumentava. O mais profundo e cortante desespero.
Num breve instante tudo ficou escuro. Uma fração de segundo, e ele levanta da cama assustado, trêmulo, ofegante. Tudo não passara de um sonho. Mais um instante e ele experimentava, agora, uma estranha sensação, pois ao mesmo tempo que estava feliz, parecia que o desespero não lhe deixava. Havia sido um sonho sim, mas ele sabia que não era "só um sonho". Ali, naquele momento de angústia, de pura angústia, estavam, juntos, seu maior desejo, e seu maior medo. Tê-la em seus braços, ainda que por uma única vez, e perde-la para sempre, logo em seguida.
Mesmo acordado, então, o desespero continuava a lhe fazer companhia. Não mais tão dilacerador, mas permeado por medos e assombros. Onde ela estaria? Ele não queria perde-la.Não! Ela não estava morta. Tudo tinha sido mesmo um sonho. Mas, quem seria capaz de lhe convencer que o medo da perda de um amor traria uma sensação mais amena que esta?
Sonho e realidade se misturavam compondo um cenário que o deixava em constante estado de tensão. Mas ele a amava. E isso o fazia suportar a convivência com quaisquer medos e assombros. Em poucos instantes, o sorriso lhe voltava ao rosto. Ainda havia esperança de tê-la a seu lado! Nenhum medo seria tão forte para fazê-lo abandonar a esperança!
Sonho e realidade se misturavam compondo um cenário que o deixava em constante estado de tensão. Mas ele a amava. E isso o fazia suportar a convivência com quaisquer medos e assombros. Em poucos instantes, o sorriso lhe voltava ao rosto. Ainda havia esperança de tê-la a seu lado! Nenhum medo seria tão forte para fazê-lo abandonar a esperança!
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